O ESPELHO SEM REFLEXO
O meu nome é Emilly Smith, jornalista local de minha cidade. Necessitava
de novas inspirações e assuntos para escrever minhas matérias, então, decidi
viajar até uma outra cidade na qual meus avós moravam. Apesar de morar poucos
quilômetros de mim, eu mal recebia notícias dos dois. Fui para aquele lugar com as ‘’mãos abanando’’,
contando com que eles pudessem me acolher.
Com apenas uma mochila de roupas em minhas mãos, meu notebook e minha
máquina fotográfica, cheguei em frente à casa morrendo de frio e chamei pelos
meus avós:
- Olá!? Tem alguém em casa?
De repente a porta se arrastou com um ar tanto quanto medonho e
assustador e um gentil senhor me atendeu:
- Olá, jovem moça, em que devo te ajudar com minha humilde presença?
Eu então respondi:
- Vô É o senhor? Como você está diferente!
-Me desculpe jovem, mas não sou o seu avô, comprei essa casa a 2 meses
atrás.
-Ah sim... poxa, mas e agora?
Acabei vindo com as mãos vazias contando com que meus avós pudessem me
acolher.
-Você não tem onde ficar? O que faz aqui sozinha?
- Sou jornalista, e viajei até aqui para buscar assuntos e inspirações
para minhas futuras matérias.
- Eu sou um desconhecido para você, mas se quiser posso lhe abrigar
aqui durante a sua visita, bem... se você não se importar.
- Você faria isso por mim? Sou muito grata e aceitarei o seu convite!
-Pois muito bem, entre e fique à vontade! - Disse ele, abrindo um pouco mais a porta.
A casa possuía moveis rústicos, porém elegantes e muito empoeirados.
No centro da sala havia um espelho bonito, grande e dourado, que cativou o meu
olhar por longos minutos.
- Deve ter custado uma fortuna, não é?
- HAHA, não, foi um presente de um grande amigo meu , não paguei nada
por ele. O jantar está na mesa, você vem?
- Sim, já estou indo, o cheiro está muito bom!
Percebi que ele havia mudado de assunto muito rápido, algo misterioso
havia naquele espelho! Após o jantar, perguntei a ele sobre o lugar que eu iria
dormir e onde ficava o banheiro, para que eu pudesse tomar um banho e
descansar.
- Você pode dormir em meu quarto, eu dormirei aqui na sala. O banheiro
fica logo ao lado, depois do corredor. Enquanto você toma seu banho, eu irei
arrumando o quarto para que você possa dormir, está uma bagunça!
-Ok, obrigada!
Fui ao banheiro e tomei um banho muito rápido, pois realmente eu
estava exausta.
- O senhor vai demorar muito aí? Preciso trocar de roupa!
- Sim, vou. Como eu disse, estou tirando algumas coisas do quarto e
desocupando espaços para que você possa dormir. Se preferir pode se trocar aí
na sala, tem um espelho para você se arrumar, e eu prometo não olhar.
-Está bem, vou confiar em você.
Fiquei em frente ao espelho, troquei minha roupa e arrumei o meu
cabelo. Dentro de 15 minutos, o Senhor saiu de dentro do quarto e me liberou
para dormir.
- FINALMENTE!
Após horas deitada, acordei com sede e decidi ir até a cozinha pegar
um copo de água. Quando de repente, me deparo com o aquele senhor acordado e de
pé na sala, em frente ao espelho. Para uma melhor visão da situação, liguei a
luz e perguntei:
- O que o senhor faz acordado a essa hora?
- Ééééé... estou com insônia! Não consigo dormir. -Disse ele,
gaguejando entre os dentes.
- Ah sim, mas pera...
- O quê?
- O espelho!
- O que tem ele?
- Seu reflexo, senhor, não está aparecendo!
Com uma risada maliciosa, o homem olhou para mim, revelando sua
verdadeira identidade:
- Demorou para descobrir minha jovem, o processo pelo menos será mais rápido,
Muhahahaha.
- Processo, que processo? Onde estão as chaves? Quero sair daqui.
SOCORRO!
- Você quer estas chaves? Venha pegar então! -Disse ele, pulando no espelho,
que até então parecia ser uma espécie de portal.
Toda a casa começou a se despedaçar, então eu não tinha opção. Ou eu
pulava no espelho, ou eu partia em pedacinhos!
- Se prepare para viver um bom tempo aqui!
- O quê? Como assim?
- Você acaba de cair em uma maldição chamada “Maldição de Freylliord” que
consta em prender a sua alma nesta casa, até que você encontre um substituto e o
engane, assim como eu fiz com você.
-Então você também foi enganado?
-Sim, deixei esposas, filhos e tudo para trás, há 10 anos. Eu esperei
por este dia e ele finalmente chegou.
- Mas até dois meses atrás você disse que havia comprado essa casa...
- Sim, pois na antiga casa em que eu estava preso, eles acabaram
demolindo, pois era uma construção abandonada e iam construir uma outra casa no
lugar. Então, comprei esta de seus avós, pois ficava afastada da cidade e eu
sabia que pessoas um dia iriam pedir ajuda para mim.
- QUE CRUELDADE!
- Não gaste suas últimas palavras me ofendendo! - Disse
ele, sugando a minha alma e fundindo com a ‘’alma da casa’’.
A cada segundo que se passava, eu sentia como se fosse dona daquele
lugar e podia controlá-lo de onde eu estivesse.
Hoje, sou eu quem vago por aqui, e sou a nova alma deste lugar. Com
muita pena das pessoas, e com uma enorme vontade de voltar para a casa, eu
esperarei alguém me visitar. E com um
lindo sorriso no rosto, eu direi:
- Pode entrar, fique à vontade!
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAAHHAAHAHAHHAAHHAHAAHAHAHAH!!!
Ryan Fernando Oliveira Alecrim/2018
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